sexta-feira, 29 de maio de 2009

Meus trovões



Meus trovões
lucelena maia

Pudesse, eu, despertaria todos os dias,
Sob claro céu surgido do escuro;
No chão, poria os pés acolhidos
Ao equilíbrio silencioso dos mudos.

Pudesse, eu, enfrentaria os trovões,
Junto aos relâmpagos da minha alma,
Que resvalam no meu próprio apagão,
Porque sou um tropel de lágrimas.

Tivesse, eu, certeza de que além morte
Há vida, e a ela valeria concorrer,
Lançar-me-ia ao aguaceiro da sorte,
Com molde ajustado para renascer.

Mas tempestade farta e solitária
Troveja junto ao meu umbigo,
Numa corrente elétrica imaginária,
Ligando e desligando meu sentido.

As horas repousam sobre meus restos...
Acordei! Dormi! Será que existo?
Levanto-me e tento um gesto
Para estar certa de que ainda vivo.

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