sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Vistam-se, formosas manhãs

 


Vistam-se, formosas manhãs

Primavera é a estação do desabrochar das flores.

Nesta época do ano são tantas as opções de flores a embelezarem e a trazerem harmonia, como um “feng shui floral” puxando a energia negativa e alegrando o ambiente, que o aroma adocicado da estação ocasiona a mais bela visão cotidiana brindando-nos com praças floridas, árvores bem verdes, pássaros cantadores beijando o ar azul e casas com vistosos quintais  como se vivêssemos num mundo imaginário, onde tudo são flores...

As noites frias ficaram para trás, as roupas joviais tomaram lugar dos cachecóis, botas e casacos, os gestos reservados do inverno surgem descontraídos no clima primaveril.

Embarcamos definitivamente na estação a 23 de setembro e nela seguimos até 21 de dezembro.

As manhãs ensolaradas da Primavera aceitam a temperatura quente, logo cedo. Pensa-se em praia com facilidade. O sol, imponente, desfila como rei, até o crepúsculo, de tirar o fôlego, deixando em seu rastro céu estrelado e a lua, linda, em todas as fases, para deleite dos casais, porque Primavera é tempo de colheita de amores. Tempo de colheita de flores. Tempo de obtê-las às mãos e saber ofertá-las. As fortes chuvas marcam a estação. Bravias, elas chegam muitas vezes como tempestades para dizer do descaso do homem pela natureza.

Escreveu Cecília Meireles, “ A Primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la...”

Eu fico pensando, para muitos, os dias são sempre iguais, as estações as mesmas, o corre-corre  rotina, o carro velho um bem inseparável, o traçado da cidade cartilha, a pressa inimiga declarada,  as férias ilusão de trabalhador.

 Há lugares em que jamais crescerão flores na Primavera, há pessoas que não conseguirão enxergá-la porque o mundo lhes desabou sobre a cabeça, a casa foi destruída, falta alimento no lar, alguém querido morreu, uma tragédia  deixou a vida em preto e branco.

Ainda assim, será Primavera.

Eu sou poeta e poetas enxergam com os olhos da alma, cruzam em silêncio o leito da estrada e escrevem com reservas o que observam.

Nesta Primavera, em especial, sou quase passarinho a sobrevoar o jardim da vida, livre, aventureiro, adocicando com meus versos os lugares por onde passo.

Você pode fazer o mesmo, deixe-se invadir pela florada da estação e se entregue a adocicar os lugares por onde passa; as pessoas com quem convive; os momentos de solidão e o instante solitário.

A Primavera está a um passo de nossos olhos, basta-nos observá-la pela janela. 
set/2012

domingo, 2 de setembro de 2012

Versos de outrora

imagem do google
 
Versos de Outrora
lucelena maia
 
.....O anel que tu me deste
era vidro e se quebrou,
o amor que tu me tinhas
era pouco e se acabou...
 
Pequenos versos, declamados quando criança,
Não doíam, eu brincava de passar aliança...
O tempo se foi, os versos ficaram esquecidos,
Mas o local onde os coloquei um dia foi remexido.
 
Alguém abriu o baú, e os versos se espalharam...
Do meu âmago, um som ecoou abafado;
Era a fase adulta falando ao meu ouvido,
Em rimas que se me cravavam o sentido.
 
Dos meus olhos verteram lárimas, em poesia,
A alegria de outrora, agora adulta, doía
Ao recordar o verso que, na infância, declamei.
 
Brinquei com a realidade e não a conhecia...
Guarei os versos no baú, por eles não padecia.
Ao vivenciá-los, sem inocência, chorei!