sábado, 17 de janeiro de 2009

Aconteceu, mais ou menos, assim...







Eu saí de Uberlândia/MG em janeiro de 2007, há exatamente dois anos, e foi impossível despedir-me da cidade sem escrever a experiência dos dezoito anos ali vividos.


Hoje, recordo o Triângulo Mineiro relendo o texto que escrevi e postando-o para você também o ler.

Aconteceu, mais ou menos, assim...
lucelena maia

Curiosos olhos ora na estrada ora na vegetação se perdiam.
Da janela do carro descobrindo tudo que se me apresentava, eu seguia...
Era fevereiro de 1989
O balanço de árvores não muito altas e de galhos retorcidos eu admirava.
O corpo sacolejava, na estrada esburacada e perigosa, misturando meus sentimentos.
Da janela do carro meus olhos se voltavam para dentro
Em meu interior percorria um trem barulhento, carregando consigo um baú de pensamentos.
O cerrado vislumbrado por meus olhos hipnotizava-me com seus buritis bem verdes.
De repente, plantação rastejante e um ipê amarelo logo à frente.
No carro, silêncio, apreensão e sonho crescente
Prosseguir era preciso...
Para São Paulo eu devia boa parte de meu enredo
Em Minas, continuaria a escrevê-lo.
No portal do cerrado eu desembarcaria cheia de expectativa,
Em Uberlândia viveria dezoito anos de boas amizades e grandes feitos.
Tornar-me-ia escritora e poeta, como o pôr-do-sol em tarde amena,
Que se deita dourado e nos leva a sonhos.
Assim aconteceu comigo...
Desabrochei do umbigo,
Falei com alma em cada linha de meus escritos
Ingressei ao IAT - por convite da escritora Martha Pannunzio
A quem eu reverencio agradecida.
Augusta, nossa sintonia foi como o frescor da chuva amenizando o verão. Amizade que jamais correrá na contramão.
Liberace, simpatia é teu nome. Guerreira mulher. Admiro sua entrega e dedicação.
Janine, aos poucos eu fui conhecendo... Bom trabalho juntas desenvolvemos.
Vecy, Ferreira, Elza, Zé Carlos, Bilá, Creusa, Adriana, Nininha Rocha, Érica Montero e tantos outros escreveram seus nomes em meu pequeno mundo, que tronou-se grande em aprendizado e, em felicidade, profundo.
Aos amigos e patrocinadores da cultura, terna gratidão...
Nathan, amigo virtual que se tornou real. Poetaço, jamais, desfeitos serão nossos laços.
Para Antonio Augusto deixo a extensão de meus braços.
Agradecida, sou, ao Professor Valdemar Firmino pelo belo presente, a mim, oferecido;
sento-me hoje na cadeira XXXIX da Academia Leonística Mineira e Brasiliense de Letras,
Para meu orgulho e deleite, Guimarães Rosa é o patrono.
Uberlândia,
Deixo meu nome escrito nos jornais, no IEFOM, no IAT, na ALMBL e na lembrança dos anos aqui vividos...
Carrego comigo além dos amigos, bons anos colhidos e a expressão UAI
Que conservarei nos lábios com a mesma naturalidade com que pronuncio a palavra pai...

Volto para minha terra natal, São Paulo,
Mas num demora retorno em visita,
Haja vista escrevo um romance que se passa na região.
É claro, o lançamento, aqui, faço questão...

Fica desde já registrado meu agradecimento a esta terra abençoada,
A todos que um dia cruzaram meu caminho.

Era árvore que faltava para me completar? Em Uberlândia plantei.
Era filho? Felipe tem quatorze anos e é lindo...
Faltava escrever um livro? Aqui aconteceu... Um Alvo Calculado e Sombras de Uma Profecia ganharam o mundo,
Assim... Como eu.


lucelena maia
escritora e poeta
jan/2007
Uberlândia/MG