segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

É Natal


arte de Angélica T. Almstadter

É Natal...
Com os corações aos céus elevados
Com o sorriso pela paz sublimado
A energia do universo em todos concentrada
Na certeza que nunca seremos cruxificados,
Sigamos cada passo do caminho conscientes
Não estamos livres dos pecados humanos
Imperfeitos somos, mas não somos profanos
Deus está sempre conosco...
Oferencendo Sua eterna bondade e redenção,
pois
Os filhos da terra
são todos irmãos...

Que um novo amanhã aconteça dentro de cada um de nós...

Feliz Natal
Feliz 2010
paz, saúde, amor e luz

São os sinceros votos
Lucelena Maia
Samuel
Felipe

sábado, 12 de dezembro de 2009

Natal



Natal
lucelena maia

Quantas vezes eu desejei outro dezembro:
Imaginei o mês em silêncio,
luzes apagadas para conforto da alma,
frases mudas - sem cartões versejados
anunciando hábito costumeiro.
Eu desejei renascer frente a Jesus,
sentir em meu peito Sua mão luz
a velar-me no altar da vida.
Sob júbilo e confiança
o amor, a paz, a justiça e a esperança
entregues à verdadeira confraternização;
Oferenda e bondade guardadas no abraço.
Eu pediria que fosse o Natal só um pedaço
daquilo que representa a grande saudação:
O filho de Deus presente o ano inteiro
no corpo e na alma de Seus cordeiros
como energia de quem é e deseja o bem
a quem sabiamente aceita o amém!

Feliz Natal
dez/2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dia do Palhaço


imagem do google

Palhaço o que é?

lucelena maia

A maquiagem disfarça
os defeitos no rosto
um rosto sem face
face ao artista disposto...
a mostrar-se bobo
arlequim,
cômico
gracioso
saltimbanco
só para fazer rir.

Palhaço
é artista circense,
mas há quem pense
que é um tolo qualquer...

10/12/2009
São João da Boa Vista/SP

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Silêncio que seiva...


imagem do google

Silêncio que seiva...
lucelena maia

Se o vento sopra pr´o horizonte,
Levando consigo um som de encanto,
Pelas colinas e atrás dos montes,
Escuta. É a poesia chamando-te.

Se o sibilar dos lábios da natureza,
Em prolongado som, vindo co´o vento,
Desabafar dores por entre as veredas,
Escuta. É a poesia reconhecendo-te.

Se os passarinhos felizes pousarem,
Em galhos de uma árvore qualquer,
E, em coro, com a natureza cantarem,
Escuta. É a poesia a beijar-te os pés.

Se entregue a este belo cenário,
Arrefecidos olhos avivarem pra vida,
Escuta. É a voz da tua alma
A dizer-te; teu corpo agora é poesia.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Dubai - Rachaduras no paraíso


imagem do Google

Rachaduras no paraíso

-revista Piauí_33 / junho 2009-

(resumo do artigo de Johann Hari pela escritora e poeta, Lucelena Maia)



O xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum, o soberano de Dubai, vendeu-a ao mundo como a cidade das Mil e Uma Luzes, uma Sangri-lá do Oriente Médio protegida das tempestades de areia que assolam a região.

É abril de 2009 e alguma coisa está mudando no sorriso do xeque Mohammed. Nessa terra do Nunca edificada num extremo do mundo, as rachaduras começam a aparecer. Dubai é uma metafora viva do mundo globalizado neoliberal que pode estar desmoronando.

Entre os guindastes espalhados por toda parte, muitos estão paralisados, como que perdidos no tempo, e há inúmeros canteiros de obras inacabados, num abandono completo.

A canadense Karen Andrews chegou a Dubai quatro anos atrás. O marido tinha conseguido um bom emprego numa multinacional. Assim que o casal aterrissou no emirado, em 2005, as apreensões desapareceram. "Parecia uma Disneylândia para adultos, com o xeque Mohammed no papel de Mickey", relembra. "A vida era fantástica". Não tardou muito e Daniel, o marido de Karen, comprou dois imóveis.

Mas, pela primeira vez na vida, ele se embaralhou nas finanças. Karen começou a estranhar as confusões financeiras do marido. Passado um ano, descobriu que Daniel tinha um tumor maligno no cérebro. "Até então, eu não sabia nada a respeito das leis de Dubai, imaginei que o sistema local deveria ser parecido com o do Canadá, ou de quaquer outra democracia liberal". Ninguém lhe havia contado que em Dubai não existe o conceito falência. Quem se endividar e não tiver como pagar vai para a cadeia.

Em Dubai, quando um funcionário larga o emprego, o empregador tem o dever de comunicar o fato ao seu banco. Caso tenha dívida em aberto, todas suas contas são bloqueadas e ele fica proibido de sair do país. "De repente, nossos cartões de crédito pararam de funcionar. Fomos despejados do nosso apartamento e não tínhamos mais nada". Daniel foi preso no dia do despejo, condenado a seis meses de prisão diante de uma corte que só falava árabe, sem tradução. "Agora estou aqui, sem nada, aguardando que ele saia da prisão", explica a mulher. Karen dorme dentro de um Range Rover há meses, no estacionamento de um dos hóteis mais chiques de Dubai, graças à caridade dos funcionários bengaleses, que não tiveram coragem de expulsá-la.

O caso de Karen não é único. Por toda a cidade existem imigrados dormindo clandestinamente nas dunas de areia, no aeroporto ou no próprio carro. "É preciso entender que em Dubai nada é o que aparenta ser", resume a canadense. "Você é atraído pela idéia de um lugar moderno, mas por trás dessa fachada o que temos é uma ditadura medieval."

Trinta anos atrás, quase toda a área onde se ergue hoje o emirado de Dubai era deserta. Foi quando os ingleses bateram em retirada, a dominavam desde o século XVIII até 1971, Dubai se juntou a seis pequenos estados vizinhos e formaram a federação, os Emirados Árabes Unidos. A retirada britânica coincidiu com a descoberta de generosos lençóis de petróleo na região.

Al Maktoum decidiu fazer o deserto enriquecer. Planejou construir uma cidade que se tornasse o centro do turismo e de serviços financeiros, atraindo dinheiro e profissionais do mundo inteiro. Convidou o mundo a seu paraíso fiscal - e o mundo veio, esmagando os habitantes locais, que agora representam só 5% da população total de Dubai.

Em apenas tres décadas uma cidade inteira surgiu do nada. Um salto do século XVIII para o século XXI em apenas uma geração.

Toda as noites os milhares de peões estrangeiros que constroem Dubai são levados dos canteiros de obras para uma imensidão de concreto, em pleno deserto, distante uma hora da cidade. Ali permanecem isolados. São levados em ônibus fechados, que funcionam como estufas no calor do deserto. São cerca de 300 mil homens que moram amontoados.

Nesse local que fede a esgoto e suor e que foi o primeiro acampamento que visitei, logo fui cercado por moradores, ávidos para desabafar com quem se dispusesse a ouvi-los.

Depois de muito ouvir, indago se o grupo se arrepende de ter vindo. Todos olham para baixo. Depois de um tempo, alguém rompe o silêncio: "Sinto saudade de meu país, da minha família, da minha terra. Aqui, não dá para plantar nada. Só tem petróleo e obras."

Um cidadão inglês que trabalhou no setor de construção me disse: "Ocorrem inúmeros suicídios nos acampamentos e nas obras, mas ninguém quer tocar no assunto. Dizem que foi acidente."

Um estudo da ONG Human Rights Watch revelou que existe um ocultamento da real extensão das mortes causadas pela exposição ao calor, excesso de trabalho e os suicídios.

Na distância, a cintilante silhueta de Dubai se ergue indiferente.

O dia tem sempre a mesma luminosidade artificial, o mesmo piso brilhante, as mesmas grifes de luxo globais. Neles, Dubai se reduz à sua essência: compras e mais compras.

Como se sente o cidadão local diante da ocupação de seu país por estrangeiros? Quando abordados, as mulheres se calam e os homens se ofendem, respondendo secamente que está tudo bem. Concluo que não é prudente sair perguntando essas coisas para dubaienses.

Dubai não é apenas uma cidade vivendo além de seus recursos financeiros. O emirado vive além de seus recursos ecológicos. Dubai bebe o mar. A água dos emirados, dessalinizada em fábricas espalhadas por todo o Golfo, é a mais cara do planeta. Segundo Dr. Raouf, caso a recessão se transforme em depressão, Dubai pode ficar desabastecida. O aquecimento global piora ainda mais a situação. "Estamos construindo todas essas ilhas artificais, mas se o nível do mar subir afunda tudo..."

Na minha última noite no emirado, já a caminho do aeroporto, parei numa pizzaria perdida em meio às autoestradas. Pergunto à moça filipina do balcão se ela gosta do lugar. "Gosto", diz ela, inicialmente. "Pois eu detesto", rebato. Ela concorda e desabafa: "Demorei alguns meses para perceber que tudo aqui é falso. Tudo. As palmeiras são falsas, os contratos de trabalho são falsos, as ilhas são falsas, os sorrisos são falsos. Dubai é como uma miragem. Você acha que avistou água, mas quando chega perto vê que é só areia."



( segundo a reportagem, alguns nomes nesse artigo foram modificados)

* O artigo é bem mais extenso, mas cuidei da reportagem de Johann Hari, resumindo-a, sem furtar ao leitor entender o que é, de fato, esse paraíso, chamado Dubai. ( Lucelena Maia)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Corredor da vida


tela- Fádua Tannús

Corredor da Vida
lucelena maia

No corredor da vida pisarei o chão
Tateando sozinha os primeiros passos
Sem pelar-me de medo e inquietação
Olharei à frente sacudindo os braços.

Será o futuro que tentarei alcançar;
As estações, para início de viagem,
E, cada uma delas, haverá de mostrar-me
A linha do tempo sem maquiagem.

A primavera florida, em esperança
É tudo que precisarei na partida.
Embarcar com fé e confiança
Para no verão não me sentir perdida.

Como as folhas que no outono caem,
Eu me deixarei, na vida, ceifar,
Amadurecida no bem e mal-me-querem
Renascerei inverno, de um difícil brotar...

Na chegada, saberão da mecenas,
Protetora da própria história
Que um dia começou pequena,
Mas grandiosamente fez a trajetória.

São João da Boa Vista/SP
19/11/2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sarau Lítero-Musical



Eu declamarei: Poética - Manuel Bandeira


Poética
Manuel Bandeira

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare


— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Planar


Planar
lucelena maia

Voar, voar, experimentar a juventude,
Fustigar cada segundo de liberdade...
Num engenhoso desafio de mocidade,
Ao abrir as asas, ignora a altitude.

Do alto, olha a vida, com ousadia,
Sente-se nuvem, sol, terra e ar;
Dona da natureza, soberana a reinar,
Sobrevoa o mundo, sua alforria.

Corajosamente, vôos rasantes, tenta,
Sem temor, em livre queda se lança,
E a vaidade jamais a atormenta.

Jovem águia, testando se conhecer,
Ousa ir aos confins da esperança...
Voar, voar, subir, subir, amadurecer...

(do livro - Põe-te de pé, poeta!)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Poema para Mariana


foto Mariana no Kart in em 1/11/2009

Mariana...

...pequena criança.

Na vida, nada tu sabes dos porquês

Mas reservada inteligência te corteja

Abraça-te, também, a esperteza

Não ignorem de ti o estilo

Delicada menina, sob sigilo

Adormece na tua alma tudo o que vês...



Da sabedoria,

Lakshmi é deusa indiana

Palas Athenas, grega,

Tu, astuta menina recatada

De personalidade marcante;

Mariana

Teu nome é herança

E se faz em ti temperança.



Menina linda,

Sem excessos

Sem manhas

Sem firulas

A mais nova criatura

A habitar nossos corações...



lucelena maia

domingo, 8 de novembro de 2009

Museu do Futebol no Estádio do Pacaembu


foto da família no Estádio do Pacaembu

Aproveitando a estada em São Paulo, no feriado de 02 de novembro, resolvemos, no domingo, ir ao museu do futebol no Pacaembu.

O espaço conta a história do esporte mais popular do País por meio de elementos audiovisuais numa interatividade fascinante com o visitante.

Segue-se uma trajetória de emoção, momentos históricos e diversão.

Entre uma sala e outra, de repente, o som ensurdecedor da torcida, com imagens de arquibancadas lotadas, torcedores eufóricos impulsionando seu time para o gol ou comemorando-o.
Nas imagens alternadas, era como se estivéssemos dentro do Estádio barulhento, com a reprodução de gritos reais das maiores torcidas brasileiras.

Sem demagogia, o coração pulsou mais forte, sensação de que fazíamos parte real de tudo o que víamos.

O museu foi construído embaixo da arquibancada próxima a entrada principal do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido como Pacaembu.

São três andares ocupados pelo Museu do Futebol com percurso pela Sala dos clubes; Pé na bola; Sala das torcidas; Sala dos jogadores; Sala dos gols; Sala das origens; Sala dos heróis; reto de passagem, a copa de 50; Sala das copas do mundo; Sala dos altares (é a sala dedicada a Garrincha e Pelé); Sala da dança do futebol; Labirinto das curiosidades; Sala das ciências; Sala Pacaembu (última parada do percurso, espaço dedicado ao estádio do Pacaembu onde pudemos além de ver o estádio, fotografar). Em todas as outras salas é proibido mascar chiclete, comer qualquer alimento ou fotografar.

Ao final visitamos a loja de suvenir e tomamos uma saboroso café no “ Café do torcedor”.

Eu, que nem sou tão apaixonada por futebol, amei o passeio. Foi uma experiência incrível.

É preciso parabenizar os idealizadores e patrocinadores deste projeto. Riquíssimo em detalhes e informações que permitem aos visitantes entenderem como o futebol, um esporte inglês, de elite e branco, aos poucos ganhou novos traços e se tornou brasileiro, popular e mestiço, como a própria cultura brasileira.
lucelena maia
01/11/2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

À minha nova amiga, com respeito e admiração.

LUCELENA
(eron)

Passeei em seu blog maravilha,
com o olhar de farta curiosidade...
O sangue em mim ainda fervilha
pelo que vi com toda honestidade!

Alunos... festejando a escolaidade
num concurso de bonita redação,
cercados pelas mestras com toda acuidade,
guiando, como anjos, a reunião!

Fixei-me, porém, num rosto lindo,
que imperava na sala sorrindo,
como uma deusa escandinava no Olimpo...

Latejou, agradecida, a minha safena,
ao saber que seu nome era Lucelena,
a pedra mais preciosa daquele garimpo!
========================
Minha homenagem à Acadêmica de São João,
meu santo padroeiro.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Colégio Anglo São João homenageia aluna premiada no Concurso Redação na Escola

Thaís, ao lado da sua mãe e da Da. Adélia, nossa diretora, e também da coordenadora do concurso

Thais Maia Fernandes, aluna da terceira série do ensino médio, foi premiada no Concurso Redação na Escola 2009 promovido pela Academia de Letras de São João da Boa Vista.
Na sua categoria o tema era "Como será o futuro; como me enxergo". Orientada pela profa. Carolina Raizer de Redação, Thais criou "O futuro nos espera", texto que conquistou o segundo lugar.
O concurso, em sua primeira edição, "... tem o propósito de dar ênfase à leitura e à pesquisa, revelar talentos, despertar vocações, dar ao aluno a oportunidade de crecer como cidadão crítico e reflexivo, capaz de elaborar conceitos e defendê-los" segundo Lucelena Maia, curadora do evento.
As quatro melhores redações em cada categoria foram cuidadosamente organizadas num livro. Cada aluno vencedor recebeu 10 exemplares do livro e a sua escola 5.
Coletânea de textos vencedores publicada em livro

Dulcidio Braz Jr, nosso coordenador e incentivador de atividades culturais, recebeu um exemplar e, orgulhoso, foi pedir o autógrafo da Thais. E comentou que "... este evento engrandece São João da Boa Vista, terra de gente talentosa e sensível. Espero que o concurso tenha muitas outras edições. Com certeza, nas próximas, participaremos novamente e mais intensamente".


Autógrafo para o prof. Dulcidio, mais conhecido como Júnior
Parabéns à Thais!
Parabéns à profa. Carol!
Parabéns à Academia de Letras de São João, especialmente à Sra. Lucelena, que criou e capitaneou o belíssimo evento!


artigo e imagens obtidos no site do Colégio Anglo São João
lucelena maia
03/11/2009

Conclusão do Concurso "Redação na Escola - 2009" GENTE




Fotos do evento

Concurso "Redação na Escola" 2009 - GENTE

80% das escolas públicas e particulares, de ensino fundamental e médio, de São João da Boa Vista deixaram-se envolver com o Concurso "Redação na Escola 2009" - GENTE, proposto pela Academia de Letras e coordenado pela acadêmica Lucelena Maia, que teve a solenidade de premiação e noite de autógrafos da Antologia Gente para as 44 melhores redações classificadas, no dia 28 de outubro de 2009 no salão de eventos da Sociedade Esportiva Sanjoanense.

Todos os alunos, professores estimuladores e escolas participantes receberam certificado, mas somente os 4 melhores trabalhos de cada série receberam camiseta, chocolates garoto, antologia da Academia e dez livros Gente, por eles autografados aos amigos e familiares, como, também, para seus professores.

A noite foi de grande festa, com cobertura da TV local e apoio dos jornais da cidade com reportagem sobre o evento. Esse concurso foi patrocinado por empresarios da cidade.

O Concurso Redação na Escola foi trazido por Lucelena Maia de Uberlândia onde já acontece há 9 anos e, aqui na cidade, pela adesão das escolas e sucesso na finalização, promete ter vida longa.

Estiveram envolvidos nesse projeto a ACE - Associação Comercial e Empresarial, a Academia de Letras e a Agência de Desenvolvimento da Cidade.

Lucelena Maia
Coordenadora
28/10/2009

Posse de Lucelena Maia na Academia de Letras de São João da Boa Vista/SP



Minha posse na Academia de Letras de São João da Boa Vista em 24/10/2009.

Resumo do texto de Posse

Srª Presidente desta Arcádia, Maria Célia de Campos Marcondes, caríssimos convidados, colegas, amigos, parentes, pessoas ilustres. Muito obrigada por vossa presença.

Se minha mãe estivesse aqui, ela diria: “filha, sossegue seu coração, cuidei de acrescentar às suas orações, nessa manhã, preces de proteção de mãe”.

Neste momento peço a Deus que ela ilumine minhas palavras e as faça chegar a cada um, com a clareza que eu gostaria.
Pai, 470 km nos separa, mas eu não poderia deixar de agradecer-lhe por ter me mostrado a realidade da vida com pulsos firmes e transparência de caráter.

Samuel, meu eterno amor, com você eu divido a minha vida e ela se torna completamente inteira. Felipe, meu amado filho, mesmo sem saber fez-me descobrir o amor incondicional.

Amo minhas irmãs e meus sobrinhos e jamais deixarei de dizer que são especiais em minha vida René e Michelle, e seus filhos.
Amor é a força que nos impulsiona a enfrentar desafios, é um ato reconhecido através de mãos estendidas em nossa direção.

As vossas mãos, senhores acadêmicos, trouxeram-me para esta casa, para ocupar a cadeira 13 e eu corresponderei ao vosso desejo respeitando a tradição, o pensamento, a vontade inicial desta Academia. Acrescentarei as páginas de minha vida, num caminhar inspirado na tradição e na modernidade, com olhos atentos às necessidades culturais de nossa cidade e no futuro, que é um chamamento que não posso me recusar a ouvir, porque sou impulsionada a buscar o sentido da vida na arte e na dimensão do amor ao próximo.

Comprometo-me em honrar a ocupação da cadeira 13, onde já se sentaram pessoas ilustres desta cidade; Dr. Hélio Correa da Fonseca e Sra Adélia Jorge Adib Nagib.

Com os olhos cintilantes e os lábios fumegantes em satisfação de leitora e admiradora de suas obras, cumpro o protocolo ao mencionar o patrono da cadeira 13. Humberto de Campos, importante escritor, jornalista, crítico, contista e memorialista.

Para concluir o meu discurso de posse, da cadeira 13, quero dizer; estou pronta a manter de forma honrosa os desígnios que a minha admissão para a Academia represente, dizendo - me consciente do compromisso cultural que assumo, do sonho pessoal que alcanço e da incansável luta literária que todo escritor deve carregar consigo na tentativa de mudar o ínfimo índice de leitura em nosso país.

Muito obrigada.
Lucelena Maia

Encontro, em Campinas, de Lucelena com Angélica


Lucelena Maia autografando para Angélica T. Almstadter na Biblioteca Adir Gigliotti/Campinas

Recebi o carinhoso texto abaixo, da amiga Angélica "Kika", e o divido com você.

Abraço Poético
Angélica T. Almstadter

Naquele dia eu voltei pra casa pisando em nuvens, não ficara um detalhe, um senão que tivesse atrapalhado o brilho das horas vividas. Junto ao meu coração palpitante de feliz vinha abraçado o objeto do desejo, carregado com carinho para não feri-lo.
Em casa ele foi cuidadosamente colocado em lugar onde todos pudessem vê-lo e
até folhearem; me sentiria mais vaidosa quando os olhos passassem pela dedicatória.
Era preciso preparo para sentar e começar a beber a magia ali contida, assim quando os sons se calavam eu o buscava; passava minhas mãos com delicadeza em cada detalhe para senti-lo completamente, fiz isso algumas vezes devagar, com medo de que ele me rejeitasse.
Acarinhei, cheirei e o abracei como quem abraça um amor querido para demonstrar o quanto eu o desejava nesse momento. Foi nesse dia, depois de namorá-lo e esperar o silêncio que o abri e no meio da minha solidão mergulhei inteira nos versos que murmuravam baixinho.
A medida que eu lia, as expressões do meu rosto iam se modificando, eu me sentia a Alice no país das maravilhas. E fui marcando com uma orelhinha todas as poesias que mais gostava para voltar a ler, ou para encaminhar aos que não tinham o prazer da sua deliciosa companhia, fechei-o para sonhar um pouco depois de ler: Realidade; me dei conta que tinha feito um monte de orelhas no meu objeto de prazer!
Sabe quando a gente come um doce gostoso que a gente não quer que termine? Pois estou eu assim com o meu livro: Põe-te de pé, poeta! Não quero que ele acabe então estou comendo os poemas devagarzinho, como a provar um a um e reter na boca o gosto de cada verso.
Pode até ser, como disse minha amiga poeta, que eu já tenha-os lido todos, de alguns eu sei que tenho lembrança como: Meus trovões ( é lindo) Reservado (que gerou uma porção de homônimos, numa intertextualidade maravilhosa) Bóias-Frias, Bifurcação entre outros, mas ter nas mãos um livro todinho reunindo emoções, sentimentos acondicionados com carinho é uma sensação única.
Como disse a Lu, nossa amizade está aí pelos 10 anos, virtualmente, nos vimos duas vezes, uma na Bienal e outra agora na sua palestra e é como se tomássemos cafezinho juntas todos os dias.
Ainda extasiada pela leitura da qual me ocupei essa manhã, vou deixar com vocês um poema desse livro, e que eu gostaria de ter escrito:

Enganando-me
Lucelena Maia

Quantos braços me abraçaram,
Em quantos braços me joguei.
Fui revolta, não importa,
Como consequência, viciei.

Quantas bocas me beijaram,
Quantas bocas já beijei.
Foi despeito, não importa,
O resultado é que gostei.

Quantos homens me despiram,
Quantas vezes me entreguei.
Foi obsceno, não importa,
Ao destino, me abracei.

Quantos anos se passaram,
Desde a primeira cama em que deitei.
De todos os homens que me amaram,
Foste o único que eu amei.

Quanta humilhação. Tu não me amavas.
Fui objeto de aposta e de prazer...
Embriagada de ódio, tornei-me ousada,
Deite-me com todos e fiz saber.


Ali reunidos no meu cantinho, estão : Uma sujeita esquisita, Girassóis ao meio dia ( Cissa de Oliveira) Fatos reais da vida em prosa e verso (Faiçal I. Tannús)
Entretempo (Rosana Chrispim) Pretextos ( Rosa Pena) Fernando Pessoa, castro Alves e Põe-te de pé, poeta! entre outros tantos que ficam sempre à mão para eu bebericar entre uma refeição e outra.

Angélica T. Almstadter / Kika
20/10/2009

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Palestra em Campinas - 14/10/2009


Palestra na CENAPEC - Biblioteca Adir Gigliotti

Chá e Poesia em sua 56ª edição, coordenado por Sarah de Oliveira Passarela, é um encontro artistico literário mensal, que nesse mês de outubro contou com a a palestra da escritora e poeta Lucelena Maia - "Escritor, uma carreira construída aos poucos".

Uma reflexão sobre a vocação e a trajetória do escritor. O real e tradicional caminho na sua formação. O amadurecimento literário até que se descubra a voz literária, sem pretensão em agradar a todos. Nenhum livro, nenhum mesmo, tem aprovação unânime.

"Não confundir a vocação literária com a ânsia de glória e benefícios financeiros com que a literatura brinda alguns escritores...

...O interessante da literatura está em descobrir o universo ficcional, o tipo de linguagem e aquilo a que se propõe o escritor".

" O escritor sente intimamente que escrever é a melhor coisa que jamais lhe aconteceu, e pode acontecer, escrever significa a melhor maneira possível de viver, independente dos resultados sociais, políticos ou financeiros que possa alcançar com o que escreve" ( Mario Vargas Llosa)

14 de outubro de 2009

lucelena maia

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Como dormir!


imagem do google

Como dormir!
lucelena maia

Ao deitar-me, na extensa cama fria,
numa noite sem promessa de outros braços
sem o calor de um corpo em meu cansaço
forcei-me a virar a página da saudade,
mas tropecei nas linhas da ironia:
dormir só, naquela cama, eu não podia
no lençol de seda sangravam emoções
envoltas a avalanches de recordações
a machucar o orgulho dessa fera
ressentida com a faltosa rotina,
dantes inconveniente e perigosa,
agora distante e misteriosa,
causadora da secura na garganta
e da sede em saber...
...como dormir!

São João da Boa Vista
09/09/2009

domingo, 6 de setembro de 2009

Meus Pecados


imagem do google

Meus Pecados
lucelena maia

Confesso-te todos os meus pecados
E começarei por falar da gula
Dia e noite tu puseste à mesa
Requintados pratos de censura.

Eu os comi, delicadamente içada
Por teu olhar de estranha frieza.
Tempo cego, eu estava apaixonada,
Quando virou amor, veio a tristeza.

Aviltante foi saber-te galanteador
Com olhar sempre distante do meu.
Engasgada, chorei a minha dor
Uma Julieta sem o seu Romeu.

Extrapolei em insanidade e atos,
Da boca, palavras malditas proferi,
E, o pouco de orgulho que me restava
Rolou escada abaixo quando te perdi.

Na luxúria, eu me joguei armada
Corrompendo em sensualidade
Com atitudes nada ajuizadas
As vestes rasgadas da moralidade.

Ninguém ousou dizer-me senões
Ou justificar o que era injustificável
Tanto, tinha, eu, ouvido de sermões
Que a liberdade parecia-me hipnotizável

Mas não era, eu rendi-me estremecida
Com medo de matar a nossa história.
Tu continuava carcereiro da minha vida
E, eu uma Amélia sem memória.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Travessia


imagem do google
Travessia
lucelena maia

Os livros que eu li,
os folheio, ainda hoje,
em pensamento,
vivenciando-os
na travessia
entre o fictício
e a realidade.

Na prateleira repousam,
também, a minha história,
inacabada,
repleta de ruídos,
a espantar o silêncio
que o encanto causa.

Os olhos enfeitiçados,
da direita para a esquerda,
levemente valsam
na cadência da história
a algemar a memória
a cada página.

Folhas volitam
sem que os dedos
sejam notados,
deslocando-as
para o outro lado,
enquanto a mão direita
se deita na página
a acariciar as personagens.

Há dias em que
a travessia
é uma ponte suspensa;
a ficção arrebata
o que a realidade dispensa.

São João da Boa Vista/SP
26/08/2009

sábado, 8 de agosto de 2009

Pai


Dinha, Lú, Laerte e Meire ( filhas e pai)

Pai
lucelena maia

Salvo você está em meus sentimentos
posso senti-lo pulsar em meu coração
aquieto-me só para tê-lo bem próximo
a cada entrada de ar no pulmão

Houve uma época que eu me valia
de rebeldia para não ouvir sua voz
naquela época eu o imaginava,
não meu esteio, mas meu algoz

Como fui tola, sendo adolescente
brigava com o meu mundo e com o seu
sem dar-me conta da sua paciência

Você jamais deixou de ser surpreendente
nas ceifadas que a vida lhe deu
por isso, pai, tenho-o como referência.

09/08/2009
São João da Boa Vista

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Gente



Dia 03 de agosto foi oficialmente lançado o Concurso de Redação na Escola aqui na cidade de São João da Boa Vista que terá seu término em solenidade de premiação a 28 de outubro.
Os realizadores do projeto são a Academia de Letras, a ACE - Associação Comercial e Empresarial de São João e eu, Lucelena Maia, sua curadora.
Estamos empenhados na adesão de 100% das escolas públicas municipais e estaduais e escolas particulares, ensino fundamental e médio.
O tema escolhido, GENTE, tem sub-temas para cada série.
Ao final do concurso o aluno com redação classificada fará defesa oral para garantir sua colocação - de 1° a 4° lugar.
Os alunos classificados receberão dez exemplares da antologia que será editada, das redações classificadas, e poderá autografar na solenidade de premiação.
O objetivo do projeto é cultural e social, além de pretender incentivar o gosto pela leitura, escrita e pela pesquisa quer fazer o jovem refletir a relação social no real sentido da cidadania quando se fala que, o movimento de um implica no movimento do todo, cada palavra solta replica em infinitos ouvidos e os atos provocam uma reação em cadeia.
Boa sorte a todos os participantes.
lucelena maia
são joão da boa vista

terça-feira, 21 de julho de 2009

Consciência


imagem do google

Consciência

lucelena maia

Momentos de reflexão,

Peito em silêncio,

Implosão de pensamentos.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Feliz Dia do Amigo


Recebi de minha sobrinha Thaís Maia essa homenagem pelo dia do amigo.
Fiquei muito feliz, emocionada, por isso divido com você, meu amigo...

Feliz dia do amigo


Tia Lú

FELICIDADE
Felicidade é o entreabir dos lábios
Quando o coração, pulsando, agitado,
Sorri para a vida, sem bater continência,
E, perante a tribuna da consciência,
Pulsa, pulsa sem qualquer defeito.
Assim, felicidade é o regalo do peito.

Sem amigos, sem felicidade!!!!

Esse poema é de uma poeta que eu gosto muito,
não sei se você conhece,
ela se chama: LUCELENA MAIA

beijãoo tatá

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Eu faria assim...



Eu Faria Assim...
lucelena maia


Entraria, sem bater à porta,
Lentamente, caminharia, para não te acordar,
Nem a luz eu acenderia,
Para, na penumbra, te admirar.
Caminharia, com o olhar fixo no todo,
Percorrendo, lentamente, a explorar,
Membros fortes e relaxados,
Em movimentos leves, o teu respirar.
Observaria, com extremo zelo,
Os pontos fortes que me fazem gelar.
Com os meus lábios, os tocaria,
Com cuidado... Para, ainda, não te acordar.
Se o teu cheiro me entorpecesse,
E, fora de mim, eu desejasse te amar,
Tentaria me conter, por alguns instantes,
Mas não seria louca de só no desejo ficar.
Com as mãos eu te despertaria,
Em um bom-dia doce, a te ofertar,
Da minha boca, mil beijos tu receberias,
E, do meu corpo, o direito de voltar a sonhar.
Ao teu corpo, definido e forte,
Ofereceria o meu, com sabor de pecado,
Da inocência do sono, tu entrarias para a realidade,
Acreditando estar sonhando, jamais acordado.

18/08/2002

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Jantar Literário


Helo Amorin, Lucelena Maia e Maria Célia C. Marcondes

A Academia de Letras de São João da Boa Vista, por sua presidente Maria Célia C. Marcondes, promoveu, em 27 de junho de 2009, Jantar Literário com palestra da professora Sônia sobre o escritor José Lins do Rego, considerado um dos grandes nomes da Literatura regionalista.
A professora Sônia aprofundou-se na obra Fogo morto de 1943, do autor.
Fogo morto é considerado pela crítica como a "obra-prima de José Lins do Rego". Esse romance, que faz parte do ciclo da cana de açúcar, gira em torno do engenho Santa Fé, desde a sua fundação e ascensão até a sua decadência, quando o engenho é transformado em "fogo morto", ou seja, é desativado. O romance, que devido à descrição da vida social e psicológica dos engenhos da Paraíba pode ser aproximado aos romances realistas, tem também várias características do Modernismo, dentre as quais destaca-se: a linguagem cotidiana, ou seja, o autor procura aproximar o seu texto da linguagem falada. Fogo Morto é dividido em três partes, cada uma delas com foco em um personagem diferente: O Mestre José Amaro, O Engenho de Seu Lula e Capitão Vitorino Carneiro da Cunha.


A noite foi de homenagem, também, à cantora Carmen Miranda, pelos cem anos de seu nascimento. Pudemos ouvir algumas músicas de grande sucesso seu.

Talentoso Marcondes...


Marcondes, Gilda, Sandra, Maria Célia, Amarílis e Lucelena

O artista plástico José Marcondes estará até o dia 19 de julho, na Galeria Papyrus em São João da Boa Vista - com sua 14a. Exposição - " Sobrevivência" .

José Marcondes é conhecido também por promover atividades que não as dele, que congreguem outros artistas sanjoanenses, da região e do estado.

Eu estive lá prestigiando-o e suas obras.

lucelena maia





quarta-feira, 8 de julho de 2009

Julho



Julho
lucelena maia

Julho é para mim florada de ansiedade,
Ao mesmo tempo, sinônimo de liberdade.
Estou para o mês como ele está pro inverno.
Com a alma reaquecida, nele eu hiberno.

Renasço, ano a ano, em vinte e oito de julho
Às tres da manhã, de um pequeno embrulho,
Com enorme laço vermelho envolvendo-o
Como se a vida estivesse, ali, devolvendo-me;

Dias, de todos os anos, docemente vividos,
Muitas estações em que chorar foi preciso
Também as pegadas esquecidas na estrada
Porque a pressa conduzia-me à chegada.

...Despertar na manhã de um novo presente
é desfazer laços, abraçar a vida e seguir em frente.

São João da Boa Vista
julho/2009

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Sarau Lítero Musical


Aconteceu dia 01 de julho, as 19h30 na Casa da Cultura de Uberlândia/MG o Sarau Lítero Musical, conforme convite postado abaixo.
foto do sarau
Os poetas presentes declamaram seus poemas com acompanhamento musical de piano e violão por Ernane Ferreira e Marcelo Macário, respectivamente.
Foi uma noite agradável, de grande troca poética.
Eu agradeço a oportunidade e o convite de Lucilaine Fátima que proporcionou esse encontro entres os poetas amigos; Elza Teixeira, Janine M.C.Santos, José Carlos da Silva, escritora Martha Pannunzio, escritora Terezinha M.G.Caixeta, Bilá Drumond, Muryel De Zappa, Sebastião C. Rodrigues entre outros queridos, ali, presentes.

quarta-feira, 24 de junho de 2009


O convite é extensivo aos amigos que quiserem participar desse sarau.
lucelena maia

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Bóias-frias


"Labuta" - José Marcondes


Bóias-frias
lucelena maia

Mãos calejadas repousam na enxada,
Suor de bóia-fria é desolação...
Olhos humildes, perdidos na estrada,
Amanhecidos nas ruas da plantação.

Alimentam-se de solidão, dificuldade,
E da marmita que viu o dia nascer;
Banham seus corpos no sol da tarde,
Laboram searas, sem esmorecer.

Adubam, plantam, colhem poeira,
Comandam a vida ensacando grão;
Da boléia do caminhão, recebem areia,
Que lhes cobre a já cansada visão.

Onde houver terra e trabalho
Haverá música instrumental de peão.
A esse trabalhador humilde e dedicado,
Só o solo poderá garantir-lhe o pão.

( do livro de poemas - Põe-te de pé, poeta!)

PS:
Sobrevivência
Décima Quarta Individual de José Marcondes
de 19 de junho a 19 de julho - 2009
Papyrus Livraria
Rua Getúlio Vargas, 307 - S.J.Boa Vista/SP

domingo, 14 de junho de 2009

Para saber de mim...



Para saber de mim...
lucelena maia

... uma indiscreta criatura,
põe seus olhos nas estrelas,
junte-as para descrevê-las
e saberá de minhas loucuras.

Sou sonhadora borboleta
que conta estrelas distantes
depois as junta, em instantes
para formar a rima predileta

Foi o horizonte, em folia,
no universo das palavras,
disse-me o que fazer nesse dia;

- Põe sua alma na geladeira,
ela é um vulcão em lavas,
fará de você, prisioneira...
(...nada fiz, tornei-me poeta)

São João da Boa Vista/SP
14 de junho 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

Brisa à alma



Brisa a alma
lucelena maia

─ Buenos Aires, voltei!
Silvia sentia-se plena, a rodopiar pela Plaza de Mayo como se resgatasse acontecimentos importantes, ali, vividos.
Faz tanto tempo! Ela pensou, com inquietos olhos buscando por alguém que não era visto.
- O que estou fazendo! Silvia ajeitou-se, despertando da nostalgia, a atravessar a plaza de mayo de forma mais discreta.
Viera a Buenos Aires para documentar a vida turística da bela capital da Argentina. Era preciso não se esquecer disso. Porém, veterano e disponível coração parecia não se importar com esse fato, acalentava pulsar dias vividos unicamente para o romântico aroma portenho do passado.
─ Aquiete-se, coração! – ela esboçou sorriso, espremendo os lábios, com uma das mãos sobre o peito a segurar sua pulsação impulsiva ─ Primeiro, o Cabaña Las Lilas em Puerto Madero, onde degustarei e documentarei sobre o bife de chorizo e seus acompanhamentos, e, como estimulante finalizador para a matéria, falarei das excelentes carnes suculentas, destacando a gastronomia como ponto forte desse país.
Silvia tentava organizar o trabalho para os próximos dias, sem deixar espaço para ilusões ou sonhos descabidos, no entanto, alguns minutos mais e perdia a concentração.
- Eu sei coração, os cafés notables esperam-me. Paciência, antes a obrigação.
Era julho, vestia um sobretudo 7/8 de lã, preto, acompanhado por um scarf em tom carmim. Nos lábios, gloss, para umedecê-los contra o seco vento. Os cabelos castanhos, longos e ondulados moviam-se a cada passo que ela dava em direção ao café Tortoni. Definitivamente, sucumbia aos desejos do coração.
Odiava admitir, mas era movida muito mais pela emoção que pela razão.
De longe podia avistar a fachada do edifício de três andares, em ferro e vidro, com suas varandas em estilo francês. Convencia-se que um bom café e a companhia das lembranças de Borges, que ali, no Tortoni, muitas vezes sentou e rascunhou seus escritos, lhe fariam bem nesse final de tarde gélido.
"...Eu caminho por Buenos Aires e me detenho, talvez já mecanicamente, para olhar o arco de um saguão e uma porta envidraçada; de Borges tenho notícias pelo correio e vejo seu nome numa lista de professores ou num dicionário biográfico...".
Silvia recordava estas palavras por Borges, em Borges e eu. Era incrível como se sentia como ele. A jornalista se resumia ao jornal, revistas e documentários pela televisão, porém a mulher que ela era se fazia pura poesia, romantismo, através de seus olhos cor de céu, observados por Carlos Gardel, a convidá-la para o sub-solo onde concertos de tango e jazz aconteciam.
- Está bem! Eu admito! Carlos Gardel é invenção minha. Mas, coração, eu só queria sentir-me importante. Na verdade, Carlos Gardel já esteve aqui, há menção a ele numa mesa próxima a janela onde estou sentada. Justificava, com sorriso maroto, para si mesma e para seu coração que nesse instante lhe era confidente.
Não havia mais mesa vazia àquela hora, tão pouco barulho que incomodasse, apesar da conversa, muitos se detinham a ler, reclusos a um mundo literário exclusivo. Silvia viajava com seus pensamentos num submarino quente, numa mesa para dois.
Discretamente procurou pelo olhar de Juan, mas era impossível vê-lo, como era impossível reconstituir uma história finalizada. Que pena! Pensou, com certo pouco-caso.
O relógio, na parede que sustentava inúmeros quadros e gravuras, apontava mil motivos para que ela retornasse ao hotel. A manhã seguinte seria de árduo trabalho, acumulados aos que deixara de fazer nesse dia.
Silvia pediu a conta e enquanto aguardava, se prometia, em pensamento, antes de retornar para o Brasil, dançaria um tango com Carlos Gardel que, nessa tarde lhe piscara, num convite irrecusável e confidente.
Quanta criatividade! Ria de si mesma. Pagou a conta e saiu.
Assim era sua vida, ela improvisava o que a realidade lhe dificultava oferecer.
Borges sabia por que afirmara, um dia, como ela dizia agora, copiando-o: "...Chego a meu centro, à minha álgebra, ao meu espelho. Em breve, saberei quem sou...".
A brisa da noite beijava-lhe o rosto sugerindo abraçá-la, como ela assim o desejava ser.
Suspirou, entregue as investidas, como se bebesse os ventos por Juan!

9/junho/2009
S.João da Boa Vista /SP

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Meus trovões



Meus trovões
lucelena maia

Pudesse, eu, despertaria todos os dias,
Sob claro céu surgido do escuro;
No chão, poria os pés acolhidos
Ao equilíbrio silencioso dos mudos.

Pudesse, eu, enfrentaria os trovões,
Junto aos relâmpagos da minha alma,
Que resvalam no meu próprio apagão,
Porque sou um tropel de lágrimas.

Tivesse, eu, certeza de que além morte
Há vida, e a ela valeria concorrer,
Lançar-me-ia ao aguaceiro da sorte,
Com molde ajustado para renascer.

Mas tempestade farta e solitária
Troveja junto ao meu umbigo,
Numa corrente elétrica imaginária,
Ligando e desligando meu sentido.

As horas repousam sobre meus restos...
Acordei! Dormi! Será que existo?
Levanto-me e tento um gesto
Para estar certa de que ainda vivo.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Apelo / Lizete Abrahão e ...Coragem, Maria! / Lucelena Maia


imagem do poema de
Lizete Abrahão
(uma amiga e poeta muito especial)

Meu texto vem abaixo de seu poema "Apelo" - não
pude resistir, saiu ....Coragem, Maria!

Apelo
Lizete Abrahão

Quando o mar se atira contra o rochedo,
Entre espumas descarta-se em marés;
Plúmbeas nuvens o céu cobrem de medo
Que em águas se desfaz sob os meus pés.

Quando a boca do monte cospe lava,
O chão lambendo com línguas vermelhas;
Arando a terra, rosna o vento em brasa,
Dos casarios mastiga as frágeis telhas.

Quando, no paraíso, a tal maçã,
De sabor a pecado e sem perdão,
Na boca teve gosto de manhã,
No corpo pulsou dor e novação.

Amor é chama, é fogo visceral;
É o apelo da vida: pão e sal!

RJ/22.05.09


*****************************


...Coragem, Maria!
lucelena maia

Havia noites, o barulho das ondas em impacto com o rochedo de infinita solidão, a sustentar a casa de Maria, falava-lhe ao ouvido como que se lhe cobrasse autorremissão pelos atos não cometidos.
Assombrava-lhe pensar desarranjado o hoje porque deixara de aventurar-se no ontem.
O seu lado sensato, não menos inseguro, jamais audacioso, levava-a para caminhos sem volta, ao esconderijo de si mesma.
Solitárias, na areia, suas pegadas eram vistas.
Quantas vezes traira-se, desde que ali chegara, escrevendo poemas saudosos na areia, ao dizer da necessidade do brilho de um olhar que lhe esquentasse a alma, sobre romântico afago nos braços do luar, uma noite de amor embalada pelo som das mansas águas. Nomes, dera nomes aos poemas, sempre, o mesmo nome, lidos pelas ondas e em seguida lambidos por elas.
Tentava recordar-se firme, engenhosa e convicta mas, quanto mais insistia, intensos ficavam os sons nas rochas.
Fugira da turbulenta rotina isolando-se na casa de praia em busca de dias amenos para usufruir do silêncio do ambiente, com intenção de ser seduzida pela simplicidade, porque queria reconfortar-se na varanda a observar o infinito do mar, os muitos navios que ao fundo navegam até sumirem a visão. Desejava ver a felicidade dos pássaros em revoada recepcionando o dia, entregues ao cenário perfeito da natureza. Ver, também, sem esforço algum, o sol acariciando as folhas das palmeiras no início de mais uma manhã, a secar o sereno da madrugada. Observá-lo despontar dourado no céu e, mais tarde, vê-lo despedir-se apoteótico; era só o que pedia Maria ao fechar as cortinas do próprio espetáculo.
O lugar propiciava paz. Até mesmo descer por entre as rochas e chegar na praia dava-lhe prazer pela pitada de aventura física e exercício de resistência corporal. Tudo parecia e poderia ser perfeito não fossem os gemidos constantes das águas nas pedras, quando a noite chegava, a tilintarem em seu pensamento.
Do quarto, observava a redonda lua na mesma candura e romantismo dos tempos pregressos, um verdadeiro candelabro a iluminar as águas que, quanto mais ela tentava não as ouvir, escalavam as rochas a molhar em intenção seu angustiado coração.
Assim eram todas as noites de Maria.
O vento acariciava-lhe a face, soprando-lhe ao ouvido...
"...Coragem, Maria!"
Mas ela não o entendia.
Porém, noturnamente ele insistia...
"...Maria, coragem!"

S.João da Boa Vista/SP
05/2009

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Solidão


imagem do Google


Solidão

Ah, solidão! Intocável solidão...
Sinto-a próxima, a instigar-me,
Desejando confundir minha razão,
Pronta a investigar meu silêncio,
Ocupar-se do meu pensamento,
Tomar de mim as boas lembranças,
E desarrumar a paz em meu coração,
Com faxina em reservados cantos,
Para que eu caia em pranto.
Testa-me na desolação,
Mas vou driblá-la, subserviente
Embarcando nesta viagem,
De vida, recordações...
... do antes, do durante, e o depois...
Mas devo informá-la: já sei,
Na vida, tudo passa,
A alegria, a tristeza, o ódio, a mágoa,
Também o bom momento passa.
Na pele, fica a energia do sol;
Nos olhos, o brilho das estrelas;
Fica a lua, linda e livre, em quatro fases.
E, eu, apesar de triste, fico assim como você...
Intocável.


lucelena maia

do livro de poemas

"Põe-te de pé, poeta!"

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O roçar do outono


imagem do google

O roçar do outono
lucelena maia

Junto ao vento
na fria manhã outonal
sobre rústico peitoril da janela
cortina esvoaça
num vai e vem sem destino
deixando entrar
folhas secas
a se acomodarem no chão...

O vento, mais uma vez,
ao outono se abraça,
as folhas secas, antes,
sossegadas,
levitam e se vão
rumo ao firmamento,
livres de quaisquer anseios,
como bolhas de sabão
que encantam os olhos
brindam a estação,
depois
janelas elas adentram
indo acomodarem-se no chão...

São João da Boa Vista/SP
maio/2009




sábado, 9 de maio de 2009

O que se pretende preservar?



O que se pretende preservar?

Lucelena Maia – escritora e poeta

Analisando com cuidado os relacionamentos, percebe-se que se esfacelam com o tempo.
Na forma figurativa, por exposição exagerada ao sol, porque a madrugada é fria, pelo indiferente lusco-fusco do entardecer. Na verdade e talvez, por serem secundários perante as tantas prioridades que a vida impõe no dia-a-dia e, ainda, recordando a aurora da vida, porque os sonhos eram muitos e as mazelas desconhecidas, a cautela apenas um adereço sem importância.
Quem sabe, se esfacelem pelo excesso de respeito a individualidade de cada um!
DNA é único e intransferível. É prova absoluta de independência do ser humano em relação ao outro, exceto com pai e mãe, o que não os favorece para o bom relacionamento com seu filho, é preciso conviver para fertilizar amor e aguardar que os anos digam do caráter.
A palavra complexidade tem dono; o homem, independente de classe social, raça ou instrução escolar.
Apesar das confusões interiores que permeiam o ser humano, em certo momento da vida tudo fica claro e simples, nem sempre fácil, mas oportuno para reconhecer o que se perdeu por ser rude e o que ainda pode-se reconquistar num relacionamento.
Pessoas despretensiosas têm maior facilidade para enxergar o azul do céu, onde estrelas brilham e a lua se mostra linda e livre, em qualquer fase.
Pessoas despojadas são capazes de opinar sobre uma obra de arte, exporem-se, ao mesmo tempo ouvir com disponibilidade de aprendizado o que diz o crítico.
Pessoa desprevenida facilmente é levada a acreditar naquilo que lhe sopram ao ouvido, mergulhando num mundo imaginário em que reina absoluto o propósito alheio.
Nada a preservar quando a intenção interior é ferir. Esquecidas, impróprias e inúteis tornam-se as palavras respeito e diálogo. No entanto todo ato pode ser revisto, desde que desfeitas as malícias, as intenções duvidosas, desde que as mãos estejam limpas pelas águas cristalinas do coração e nulos sejam os mecanismos de oportunismo.
Tornar-se uma pessoa melhor é observar mais a si do que ao outro, cuidar de revisar os momentos da vida vividos, e ponderar; como tenho alimentado meus sentimentos!
A cada um é dado o direito de expiar os seus atos.
Há tempo de plantar e tempo de colher!

Lucelena Maia
São João da Boa Vista/SP
09/05/2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Não basta ser mãe...


Maratona Radical Bike de Mogi Mirim/SP

Não basta ser mãe…

Eu estava junto, torci, ralei, me empoeirei, empolguei, transpirei e aplaudi quando na linha de chegada meu ídolo, quase atleta profissional, apareceu sobre a bicicleta, após quarenta e seis quilômetros, duas longas horas esgotantes de pedaladas, para romper a primeira Maratona Radical Bike de 2009 na cidade de Mogi Mirim/SP.
Ele não se classificou entre os cinco primeiros na classificação geral, nem foi o primeiro na sua categoria, mas manteve média mínima de 20km e máxima de 45km/h, concluindo com excelente proveito esse desafio ao qual se propôs e que dei o nome de tranquilo desempenho.
A idéia de ser um mountain biker foi dele, o restante ficou por conta da mãe (eu) e do pai, aliás, principalmente do pai, que o equipou para que ganhasse as trilhas da Serra da Mantiqueira na região de São João da Boa Vista, próxima a divisa do sul de Minas Gerais.
O objetivo inicial era vê-lo pedalando com outros jovens, quando filiado ao Mantiqueira Bikers, para apreciar de perto a natureza, as cachoeiras, a vista dos mirantes deslumbrantes, os animais silvestres, plantas variadas e logo cedo assistisse ao crepúsculo matinal na cidade dos crepúsculos maravilhosos, no entanto os desafios chegaram rápido e sem que nos déssemos conta estava nosso filho nas competições de Down Hill, Up Hill, Cross-country, Maratona Radical e cicloturismo.
Ele treina muito, entre uma maratona e outra, usa vestimentas corretas, equipamentos básicos de segurança com suporte adequado, faz trilhas radicais, estradas de chão batido, alimenta-se bem, cuida de revisar a bike e alonga-se antes de pedalar.
Há quase dois anos sou parte de sua equipe de apoio.
É, não basta ser mãe é preciso participar de seus esportes radicais.

Lucelena Maia
S. João da Boa Vista/SP
03/05/2009

terça-feira, 5 de maio de 2009

Mãe


foto lucelena e felipe

Mãe

Cuida do ninho
alimenta o filhote
cantarola em seu leito
adormece-o no peito
ou sobre o decote...

Mãe,
olhos de águia
cuidadosa e quieta
atenta e esperta
observa o voo
que um dia ensinou...


Mãe
é também lamparina,
na noite escura,
em cada esquina,
na madrugada,
um anjo que guia...


Mãe
faz laços e laços
de afeto, carinho, amor
e cuidados (com os filhos)
para quando em
tempos escassos,
na sua ausência,
entrelaçada a esses laços,
ela seja eterna presença...

lucelena maia
São João da Boa Vista/SP
maio/2009

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Eu queria escrever...


Eu queria escrever...
lucelena maia


...Um poema que afrontasse
a minha discrição,
saísse das entranhas
como um filho herege
a devorar a passividade
dessa que o descreve.

...Um poema flecha,
certeiro nos versos
a derrubar alvos.

... Tivesse linhas indecifráveis
ao tirano
e compreenssiveis
ao humano.

... Um poema forte,
direto na boca
da fome,
da tristeza,
da amargura,
da incerteza,
concluindo-se proeza.

...Que fosse sem regras,
versos sem pregas,
solto e real
como eu o pressinto.

...Um desabafo de improviso
sem que para isso
eu perdesse a razão ou o juízo.

Eu queria
ver-me ao avesso
cuspindo o que penso
na cara do mundo
indiferente a opiniões...

...Mas veja o que ocorre,
foge de mim o afronto
por certo este é bronco
ou está ele de porre!

lucelena maia
S.J. da Boa Vista/SP
29 de abril - 2009

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Livros - A Massai Branca e Retorno em Barsaloi de Corinne Hofmann

Corinne e Napirai


Leitura rápida, nada clássica, mas prazerosa por ser quase um documentário.

Assim foi a minha leitura nesse final de semana prolongado, em que resolvi ficar mais tempo em casa e ler "A Massai Branca" e "O Retorno em Barsaloi" de Corinne Hofmann, uma empresária suiça na África Oriental.

Um livro complementa o outro.

O primeiro fala da paixão avassaladora de uma suiça de 26 anos por um guerreiro Samburu, do Quênia, que a faz dispensar o namorado depois de uma excursão que fizeram aquele país e retornar para viver um grande amor com o guerreiro de corpo quase nu, em sua tribo massai, onde a circuncisão feminina é apenas um dos extravagantes costumes. A luta por água e comida se faz cotidiana, a moradia não passa de uma cabana feita de palha e estrume de vaca. Comunicação entre o casal precária, em que um não fala a língua do outro. Arranham parco inglês.

O amor tem sua linguagem própria, dizem os românticos...

O tempo passa. Durante esses cinco anos, Corinne contrai malária várias vezes que a leva quase a morte quando grávida e também hepatite, além de extrema magreza por se alimentar sempre muito mal. Ela se vê confusa, indecisa em voltar para Suiça alguns meses após seu bebe nascer. Ela já havia ido e vindo outras vezes, antes de conseguir permanência definitiva no país e antes de ter a filha, mas ficava no máximo 40 dias afastada de seu grande amor e do verdadeiro lar, como ela classificava Barsaloi.

Sendo casada com um Samburu era preciso ele autorizar sua saída do país, e ele faz achando que por algum tempo, como das outras vezes, até Corinne se recuperar do stress, em parte causado por ele, extremamente ciumento e ultimamente bebendo, também. Mas Corinne estava triste e desiludida com seu amor, já não o reconhecia, algumas vezes ele duvidava ser o pai de Napirai e isso fez mudar o amor que ela sentia por ele.

Corinne achava agora que a educação da filha devia ser na civilização. A menina já estava com um ano e meio. Nunca sentira falta da Suiça como sentia, só pensava em ir embora, porém sabia que jamais deixaria de ajudar aquela gente tão necessitada em Barsaloi, era seu pensamento.

Assim ela partiu, para não mais voltar ao Quênia.

Corinne continuou, mesmo a distância e sem ter contato com seu ex-marido massai, a ajudar a todos, principalmente depois do lançamento do livro que lhe rendeu 6 milhões de vendas por todo o mundo.

Quatorze anos depois, com o livro publicado e a filmagem da história em andamento, ela retorna ao Quênia e conta sua experiência no livro "Reencontro em Barsaloi".

O texto é rápido e cheio de emoções, pois o medo de não ser bem recebida na tribo, que a deixava insegura antes de ir, acabou assim que colocou os pés naquele país. Foi recebida com muito carinho e respeito por todos que a conheciam e isso a levou a reviver com certa nostalgia a história passada. Mas o passado já não se encaixava no presente, até porque Napirai, com 15 anos, não manifestava vontade de conhecer sua família queniana. Era uma jovem suiça, apesar da cor. Para eles, no Quênia, ela disse que a menina estava estudando, numa outra oportunidade iria vê-los, porém eu busquei saber, pela internet, hj ela tem 18 anos e ainda não foi ver seus parentes africanos.

O filme já esteve em cartaz, em 2005, e deu a atriz principal, Nina Hoss, no papel de Corinne, algum prêmio importante na Alemanha, onde o filme foi produzido.

A leitura a principio não me agradou pela paixão entre pessoas tão diferentes. Ela de classe média alta e ele um samburu sem instrução escolar (analfabeto), principalmente pela diferença gritante de cultura. Porém no desenrolar da história me apeguei aos costumes daquela gente e transportei meus olhos para as dificuldades daquelas pessoas humildes em meio ao nada e ainda assim felizes ao modo deles.

Através da ótica de Corinne conheci um pouco mais do Quênia e ela o faz com leveza e consideração.

Enfim, uma história real que merece respeito de quem a lê.



Lucelena Maia
São João da Boa Vista/SP
22/04/2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Eu sou...



Eu sou...
lucelena maia

Eu sou o perfume romântico da vida
Eu sou senhora do desvelo inabalável
Sou leve fragrância, no ar, indefinida
Sou esse brilho de estrela, inesgotável

Eu sou o bem-estar da paixão inquietante
Eu sou a lua, cheia de beleza e vaidade
Sou tudo o que persiste por alguns instantes,
Sou também o que segue pela eternidade

Eu sou saudade sem ser ela desventura
Eu sou o tempo em contratempo co'amargura
Sou burburinho cortejando a quietude

Eu sou o homem e a mulher em sintonia
Eu sou dois corpos desnudando a poesia
Sou o pôr-do-sol expressivo em atitude

São João da Boa Vista/SP
abril/2009