Vistam-se,
formosas manhãs
Primavera é a
estação do desabrochar das flores.
Nesta época do
ano são tantas as opções de flores a embelezarem e a trazerem harmonia, como um
“feng shui floral” puxando a energia negativa e alegrando o ambiente, que o
aroma adocicado da estação ocasiona a mais bela visão cotidiana brindando-nos
com praças floridas, árvores bem verdes, pássaros cantadores beijando o ar azul
e casas com vistosos quintais como se
vivêssemos num mundo imaginário, onde tudo são flores...
As noites frias
ficaram para trás, as roupas joviais tomaram lugar dos cachecóis, botas e
casacos, os gestos reservados do inverno surgem descontraídos no clima
primaveril.
Embarcamos
definitivamente na estação a 23 de setembro e nela seguimos até 21 de dezembro.
As manhãs
ensolaradas da Primavera aceitam a temperatura quente, logo cedo. Pensa-se em
praia com facilidade. O sol, imponente, desfila como rei, até o crepúsculo, de
tirar o fôlego, deixando em seu rastro céu estrelado e a lua, linda, em todas
as fases, para deleite dos casais, porque Primavera é tempo de colheita de
amores. Tempo de colheita de flores. Tempo de obtê-las às mãos e saber
ofertá-las. As fortes chuvas marcam a estação. Bravias, elas chegam muitas
vezes como tempestades para dizer do descaso do homem pela natureza.
Escreveu
Cecília Meireles, “ A Primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome,
nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la...”
Eu fico
pensando, para muitos, os dias são sempre iguais, as estações as mesmas, o
corre-corre rotina, o carro velho um bem
inseparável, o traçado da cidade cartilha, a pressa inimiga declarada, as férias ilusão de trabalhador.
Há lugares em que jamais crescerão flores na
Primavera, há pessoas que não conseguirão enxergá-la porque o mundo lhes
desabou sobre a cabeça, a casa foi destruída, falta alimento no lar, alguém
querido morreu, uma tragédia deixou a
vida em preto e branco.
Ainda assim,
será Primavera.
Eu sou poeta e
poetas enxergam com os olhos da alma, cruzam em silêncio o leito da estrada e
escrevem com reservas o que observam.
Nesta
Primavera, em especial, sou quase passarinho a sobrevoar o jardim da vida,
livre, aventureiro, adocicando com meus versos os lugares por onde passo.
Você pode
fazer o mesmo, deixe-se invadir pela florada da estação e se entregue a
adocicar os lugares por onde passa; as pessoas com quem convive; os momentos de
solidão e o instante solitário.
A Primavera
está a um passo de nossos olhos, basta-nos observá-la pela janela.
set/2012