quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Como dormir!


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Como dormir!
lucelena maia

Ao deitar-me, na extensa cama fria,
numa noite sem promessa de outros braços
sem o calor de um corpo em meu cansaço
forcei-me a virar a página da saudade,
mas tropecei nas linhas da ironia:
dormir só, naquela cama, eu não podia
no lençol de seda sangravam emoções
envoltas a avalanches de recordações
a machucar o orgulho dessa fera
ressentida com a faltosa rotina,
dantes inconveniente e perigosa,
agora distante e misteriosa,
causadora da secura na garganta
e da sede em saber...
...como dormir!

São João da Boa Vista
09/09/2009

domingo, 6 de setembro de 2009

Meus Pecados


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Meus Pecados
lucelena maia

Confesso-te todos os meus pecados
E começarei por falar da gula
Dia e noite tu puseste à mesa
Requintados pratos de censura.

Eu os comi, delicadamente içada
Por teu olhar de estranha frieza.
Tempo cego, eu estava apaixonada,
Quando virou amor, veio a tristeza.

Aviltante foi saber-te galanteador
Com olhar sempre distante do meu.
Engasgada, chorei a minha dor
Uma Julieta sem o seu Romeu.

Extrapolei em insanidade e atos,
Da boca, palavras malditas proferi,
E, o pouco de orgulho que me restava
Rolou escada abaixo quando te perdi.

Na luxúria, eu me joguei armada
Corrompendo em sensualidade
Com atitudes nada ajuizadas
As vestes rasgadas da moralidade.

Ninguém ousou dizer-me senões
Ou justificar o que era injustificável
Tanto, tinha, eu, ouvido de sermões
Que a liberdade parecia-me hipnotizável

Mas não era, eu rendi-me estremecida
Com medo de matar a nossa história.
Tu continuava carcereiro da minha vida
E, eu uma Amélia sem memória.