quarta-feira, 29 de abril de 2009

Eu queria escrever...


Eu queria escrever...
lucelena maia


...Um poema que afrontasse
a minha discrição,
saísse das entranhas
como um filho herege
a devorar a passividade
dessa que o descreve.

...Um poema flecha,
certeiro nos versos
a derrubar alvos.

... Tivesse linhas indecifráveis
ao tirano
e compreenssiveis
ao humano.

... Um poema forte,
direto na boca
da fome,
da tristeza,
da amargura,
da incerteza,
concluindo-se proeza.

...Que fosse sem regras,
versos sem pregas,
solto e real
como eu o pressinto.

...Um desabafo de improviso
sem que para isso
eu perdesse a razão ou o juízo.

Eu queria
ver-me ao avesso
cuspindo o que penso
na cara do mundo
indiferente a opiniões...

...Mas veja o que ocorre,
foge de mim o afronto
por certo este é bronco
ou está ele de porre!

lucelena maia
S.J. da Boa Vista/SP
29 de abril - 2009

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Livros - A Massai Branca e Retorno em Barsaloi de Corinne Hofmann

Corinne e Napirai


Leitura rápida, nada clássica, mas prazerosa por ser quase um documentário.

Assim foi a minha leitura nesse final de semana prolongado, em que resolvi ficar mais tempo em casa e ler "A Massai Branca" e "O Retorno em Barsaloi" de Corinne Hofmann, uma empresária suiça na África Oriental.

Um livro complementa o outro.

O primeiro fala da paixão avassaladora de uma suiça de 26 anos por um guerreiro Samburu, do Quênia, que a faz dispensar o namorado depois de uma excursão que fizeram aquele país e retornar para viver um grande amor com o guerreiro de corpo quase nu, em sua tribo massai, onde a circuncisão feminina é apenas um dos extravagantes costumes. A luta por água e comida se faz cotidiana, a moradia não passa de uma cabana feita de palha e estrume de vaca. Comunicação entre o casal precária, em que um não fala a língua do outro. Arranham parco inglês.

O amor tem sua linguagem própria, dizem os românticos...

O tempo passa. Durante esses cinco anos, Corinne contrai malária várias vezes que a leva quase a morte quando grávida e também hepatite, além de extrema magreza por se alimentar sempre muito mal. Ela se vê confusa, indecisa em voltar para Suiça alguns meses após seu bebe nascer. Ela já havia ido e vindo outras vezes, antes de conseguir permanência definitiva no país e antes de ter a filha, mas ficava no máximo 40 dias afastada de seu grande amor e do verdadeiro lar, como ela classificava Barsaloi.

Sendo casada com um Samburu era preciso ele autorizar sua saída do país, e ele faz achando que por algum tempo, como das outras vezes, até Corinne se recuperar do stress, em parte causado por ele, extremamente ciumento e ultimamente bebendo, também. Mas Corinne estava triste e desiludida com seu amor, já não o reconhecia, algumas vezes ele duvidava ser o pai de Napirai e isso fez mudar o amor que ela sentia por ele.

Corinne achava agora que a educação da filha devia ser na civilização. A menina já estava com um ano e meio. Nunca sentira falta da Suiça como sentia, só pensava em ir embora, porém sabia que jamais deixaria de ajudar aquela gente tão necessitada em Barsaloi, era seu pensamento.

Assim ela partiu, para não mais voltar ao Quênia.

Corinne continuou, mesmo a distância e sem ter contato com seu ex-marido massai, a ajudar a todos, principalmente depois do lançamento do livro que lhe rendeu 6 milhões de vendas por todo o mundo.

Quatorze anos depois, com o livro publicado e a filmagem da história em andamento, ela retorna ao Quênia e conta sua experiência no livro "Reencontro em Barsaloi".

O texto é rápido e cheio de emoções, pois o medo de não ser bem recebida na tribo, que a deixava insegura antes de ir, acabou assim que colocou os pés naquele país. Foi recebida com muito carinho e respeito por todos que a conheciam e isso a levou a reviver com certa nostalgia a história passada. Mas o passado já não se encaixava no presente, até porque Napirai, com 15 anos, não manifestava vontade de conhecer sua família queniana. Era uma jovem suiça, apesar da cor. Para eles, no Quênia, ela disse que a menina estava estudando, numa outra oportunidade iria vê-los, porém eu busquei saber, pela internet, hj ela tem 18 anos e ainda não foi ver seus parentes africanos.

O filme já esteve em cartaz, em 2005, e deu a atriz principal, Nina Hoss, no papel de Corinne, algum prêmio importante na Alemanha, onde o filme foi produzido.

A leitura a principio não me agradou pela paixão entre pessoas tão diferentes. Ela de classe média alta e ele um samburu sem instrução escolar (analfabeto), principalmente pela diferença gritante de cultura. Porém no desenrolar da história me apeguei aos costumes daquela gente e transportei meus olhos para as dificuldades daquelas pessoas humildes em meio ao nada e ainda assim felizes ao modo deles.

Através da ótica de Corinne conheci um pouco mais do Quênia e ela o faz com leveza e consideração.

Enfim, uma história real que merece respeito de quem a lê.



Lucelena Maia
São João da Boa Vista/SP
22/04/2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Eu sou...



Eu sou...
lucelena maia

Eu sou o perfume romântico da vida
Eu sou senhora do desvelo inabalável
Sou leve fragrância, no ar, indefinida
Sou esse brilho de estrela, inesgotável

Eu sou o bem-estar da paixão inquietante
Eu sou a lua, cheia de beleza e vaidade
Sou tudo o que persiste por alguns instantes,
Sou também o que segue pela eternidade

Eu sou saudade sem ser ela desventura
Eu sou o tempo em contratempo co'amargura
Sou burburinho cortejando a quietude

Eu sou o homem e a mulher em sintonia
Eu sou dois corpos desnudando a poesia
Sou o pôr-do-sol expressivo em atitude

São João da Boa Vista/SP
abril/2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Nada em vão



Nada em Vão
lucelena maia

Assim como tu, também vagueio
num desatino de passos solitários,
inutil caminhar; volto e páro
diante da porta de meus anseios

Ao tempo, que se me diz amigo,
entrego a saudade trazida comigo,
a cada manhã, nessa nova morada

E, aos pés da Serra da Mantiqueira
de pura beleza pr'os meus olhos
ajoelho-me, caro amigo, e oro,
oração de uma forasteira

Que, um dia, pisou esse chão
aprazada em não ficar em vão,
pronta a abrir portas fechadas

São João da Boa Vista/SP - 2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

I Concurso de Redação na Escola de São João da Boa Vista



Lucelena Maia (primeira à esquerda) durante reunião de 2a. feira

Escritora, radicada em São João traz sua experiência de sucesso obtida em Uberlândia


Clovis Vieira
Jornal O Municipio de 1/4/2009

Entidades sanjoanenses preparam projeto de redação para escolas


Reunião ocorrida nesta segunda-feira (30) definiu diversos itens de um projeto que deverá mobilizar alunos das redes pública e particular no segundo semestre deste ano. Trata-se do "Redação na Escola", idealizado pela escritora Lucelena Maia, radicada na cidade desde janeiro de 2007.
Atraindo entidades como Agência de Desenvolvimento, Associação Comercial e Empresarial e Academia de Letras, o projeto pretende "estimular a pesquisa histórica, cultural, científica e de valores junto aos estudantes das escolas da rede pública e privada, de ensino fundamental e médio na cidade de São João", conforme dita o seu regulamento.

Embora o cronograma do projeto não esteja totalmente concluído, trabalhos serão propostos em duas modalidades: desenho e redação e produzidos em sala de aula em cada turno, simultaneamente, em todos os estabelecimentos de ensino.

A poeta Lucelena Maia já adianta que os autores dos melhores trabalhos receberão diploma e o livro que será editado contendo as redações, com direito a noite de autógrafos. A autora pretende oferecer aos participantes "espaço às manifestações do saber, do pesquisar e do interessar-se".

A autora tem a certeza do sucesso pelo interesse demonstrado pelas entidades envolvidas e pela união das forças que cada uma delas representa no município.

(toda a reportagem pode ser lida no http://www.omunicipio.jr.br/ na página educação, do dia 01/4/2009.